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Sobre Nós

“... não tenho ensinamentos a transmitir. Apenas aponto algo,
indico algo na realidade, algo não visto ou escassamente
avistado. Tomo quem me ouve pela mão e o encaminho à
janela. Escancaro-a e aponto para fora. Não tenho ensinamento
algum, mas conduzo um diálogo”

(Buber, De uma prestação de contas filosóficas, 1961).​

O Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos e de Cultura Popular Professora Júlia Nahuys Coelho (NEEJA) é um estabelecimento de ensino próprio, da rede pública estadual, órgão da Secretaria Estadual de Educação que se caracteriza pelo atendimento de educandos com idade igual ou superior a dezoito anos, que almejam retomar e concluir os estudos na Educação Básica. A proposta regimental do NEEJA está comprometida com uma perspectiva de inclusão social, proporcionando nova possibilidade de formação àqueles que não frequentam mais a escola regular, bem como se constitui em importante espaço para qualificação do aluno trabalhador.


A proposta pedagógica do NEEJA visa atender o que está disposto nos parágrafos 1º e 2º do artigo 37 da Lei 9394/96, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, quando define que:
 
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.


§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino que visa, sobretudo, reafirmar as identidades dos sujeitos, agregando conhecimentos e valores que contribuam para sua emancipação. A proposta de uma formação humana e de acesso aos bens culturais, científicos e tecnológicos traz a perspectiva de que os educandos venham a exercer mais ativamente sua cidadania, através do desenvolvimento da autonomia intelectual e moral.

Entendemos que a motivação se constitui no motor essencial para pensarmos de forma mais detalhada sobre as intervenções didáticas que possibilitem aos alunos e alunas as condições objetivas para aprender a aprender. Sabemos que a escola não é a responsável pelas mazelas socioeconômicas e ambientais geradoras da miséria,
do desemprego, enfim, da desigualdade entre os indivíduos, mas ela pode colocar-se, pedagogicamente, de forma mais acolhedora, criativa e significativa com vista a viabilizar um espaço de aprendizagem efetiva e significativa para a vida, dando a oportunidade para todos e todas que desejam dar continuidade aos estudos, em qualquer idade e/ou fase da sua vida.

 

As mudanças necessárias ao atendimento da educação de jovens e adultos, não tem sido priorizadas pelas agências nacionais e internacionais nas últimas décadas, uma das causas apontadas é a escassez de recursos financeiros, devido à necessidade de investimentos em outras modalidades de ensino. Acreditamos no pensamento apontado pelo filósofo, escritor e professor austríaco Martin Buber, que deu ênfase à sua ideia de que não há existência sem comunicação e diálogo, e que as coisas não existem sem que aconteça uma interação, pois o homem nasce com a capacidade de inter-relacionamento com o seu semelhante a partir do encontro com o outro. Baseado nesses princípios, buscamos trabalhar com estratégias pedagógicas que promovam um olhar mais alargado sobre a vida e uma ação mais acolhedora, cheia de esperança e amorosidade. Esses, portanto, são os pilares que movem nossa caminhada pedagógica. Olhamos para o futuro não com desesperança, mas confiantes que na conjugação docente/discente podemos constituir grupos potentes, onde prevaleça não as individualidades, mas a força coletiva, movimento esse capaz de fazer a diferença na construção de uma sociedade de direitos, ambientalmente justa e sustentável.

 

Caracterização do Núcleo

O Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos e de Cultura Popular Professora Júlia Nahuys Coelho tem seu nome em homenagem à fundadora do primeiro Centro de Ensino Supletivo do Estado do Rio Grande do Sul. A educadora, enquanto Delegada da Educação do Município de Rio Grande (de 1975 a 1979), empreendeu esforços para implantar uma assistência educacional especializada àqueles que não frequentavam o ensino regular. Dentre as ações direcionadas para este fim, a professora visitou centros de Ensino Supletivo em Brasília e Recife, recolhendo subsídios e estudando as experiências dos educadores dos referidos centros.


A proposta foi inovadora no sentido de flexibilizar os horários de estudos e datas para realização dos exames de certificação. Até então, a realização destes exames seguia um cronograma estabelecido pela Secretaria de Educação anualmente. O Centro de Estudos Supletivos (CES) contava com a atuação de monitores e professores assistentes, nas mais diversas áreas de conhecimento, oferecendo acompanhamento pedagógico e materiais didáticos de apoio. O CES teve seu funcionamento autorizado a partir de 1980, em prédio locado por uma família da cidade, sito à esquina das ruas General Portinho e Dr. Nascimento.


Através da Portaria Ato SE-01331, de 13 de outubro de 1995, o CES passou a designar-se Centro Estadual de Ensino Supletivo (CEES), já em novo endereço, à Rua General Neto. Projetos de extensão passaram a ser realizados em outras sedes, como no Centro Social Urbano do Bairro Hidráulica, por exemplo. Mais tarde, estes projetos iniciais impulsionaram a realização de atividades para pescadores da Ilha da Torotama e da Ilha dos Marinheiros, além de assistir jovens e adultos da Comunidade Terapêutica Vida Nova e ainda estudantes residentes nos municípios de Pinheiro Machado e Morro Redondo.


A partir de 2002, através da Portaria Ato SE-00023, de 22 de janeiro do referido ano, o CEES, passou a designar-se Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos e de Cultura Popular Professora Júlia Nahuys Coelho (NEEJA), dando continuidade ao propósito da sua idealizadora: oportunizar educação permanente para jovens e adultos, através de um ensino público, gratuito e de qualidade.

 

Segundo dados de 2019, o NEEJA então atendia aproximadamente 1000 alunos. E conforme resultados obtidos a partir de uma pesquisa realizada em 2015, no formato de questionário aplicado via formulário Google que alcançou 65 educandos, a investigação aponta que mais de 60% dos alunos estava buscando escolarização para inserção no mercado de trabalho. . Cerca de 10% destes educandos recebe algum tipo de benefício governamental, como o Bolsa Família. Em torno de 38% alega não possuir renda própria, enquanto 33% mantêm-se com um salário mínimo.
 

Dentre os motivos apontados para terem interrompido os estudos, destacaram a necessidade de trabalhar, o início de vida familiar (casamento/filhos), distância geográfica da escola de origem ou dificuldades de adaptação no ensino regular. Apontam como expectativa em relação ao NEEJA, além da oportunidade de retomar a escolarização, a possibilidade de melhorar a colocação no mercado de trabalho e ingressar no Ensino Superior.

Profª Drª Thaís de Oliveira Nabaes.

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¹BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB Lei nº 9394/96.

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